07 novembro 2008

acalanto

se nada mais é possível além da morte, que ela lhe chegue como um abraço meu.
se ela for de alguém que você muito aprecia, que meu abraço seja o mais parecido com o que você imaginou precisar.
se tudo for dor demais, que eu não abrace, somente esteja perto para sentir o seu sofrimento com você.
se lhe faltar fé, eu rezarei com a minha falta de fé por você, para que ela não lhe falte, logo você que foi sempre cheia dela.
se precisar de uma palavra bonita, vou improvisar com meu pouco talento qualquer coisa que lhe pare o choro, ou o medo do futuro, vou falar o que posso e até mentir para ver um sorriso em seu rosto.
se for complicado demais entender que o amor é sempre maior que tudo, eu seguro a respiração um pouco, e como morto finjo que não amo, para as coisas lhe serem o mais leves possíveis.
se você quiser dormir, eu velo por você, mas depois durmo, para que você saiba e se sinta em paz dormindo, sabendo que ninguém o disperdiça por você.
se não me quiser por perto, como não o quer, eu me retiro, fecho a porta sem reclamar, e só derramo uma lágrima quando tiver certeza que você jamais vai olhar.
se você estiver triste e procurar qualquer palavra minha, sinta o acalanto, pois alguém hoje velou, sofreu e pensou em você.

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