Eis que em poucos minutos acontece a final do Big Brother Brasil, edição número nove. Quando eu começo um texto assim, quer dizer que ainda estou elaborando minha maneira de dizer o que quero. Vamos lá. Primeiro, quando se fala em reality show, na maioria das vezes analisamos duas coisas: "talento" e "merecimento", como o BBB é uma programa que exclui o talento e faz as pessoas ficarem três meses sem fazer o que sabem, para não fazerem nada, só nos resta o merecimento para análise. Depois, temos que pensar de que forma devemos validar esse merecimento. Será que é por quem joga melhor? Por quem tem mais coração? Por quem teve a vida mais difícil?
Eu dou uma dimensão mais política a isso, caso não desse o programa não me interessaria. Eu vejo o bbb como uma forma de premiação social a algum perfil que exista. Como se de alguma maneira, na nossa cabeça estivéssemos distribuindo renda para aqueles que para nós precisam de uma retribuição pelo que não costumam ter na vida, por isso é comum ganharem os mais pobres, o sertanejo, o malhado burro, ou aquele sumido quem nem fede nem cheira. Enfim, as variáveis são imensas, então vamos analisar essa final de agora.
Francine chega na final com o Max porque juntos formaram uma dualidade. Ele razão, ela emoção. Ela sozinha não teria chance, ele sozinho talvez tivesse alguma, mas menos do que com ela. O Max tem exatamente um perfil contemporâneo: homem descolado, racional, não apegado a sentimentalismos bestas que levam a lugar nenhum, tatuado, inteligente, perspicaz e capaz de analisar às pessoas como formas em movimento no espaço, por isso conseguiu lidar tão bem com as adversidades que teve. A Ana por mais que visse ele como ameaça jamais teve coragem de brigar com ele, e foi brigando com todo mundo, dando a ele cada vez mais força e singularidade. O Max poderia ser considerado um Iago do bem, alguém que da periferia domina o centro e chega ao resultado esperado. A Francine nesse caso, participa sendo a desdêmona que dá sentimento ao plano que seria só seco e triste demais.
Assim sendo, não poderia deixar de dizer que a Priscila também chega na final como resultado do plano do próprio Max, mas também não foi só isso, então agora é a vez de falar dela. Priscila chega na final fortalecida por ganhar a última liderança e quando todos estavam sentindo a pressão de um paredão ela podia se manter relaxada, e às pessoas puderam ve-la com mais atenção ainda. Minto, já haviam visto. Ela, a gostosona, no perfil mulher-melância-te-como-a-noite-toda, era esperada lá dentro para fazer isso: ficar bêbada, rebolar, falar besteira, ser chata, eliminada e ir pra playboy, e ela foi vencendo cada pequena barreira que apareceu, foi mostrando que tinha até alguma inteligência, bom jeito de conversar com os outros, de lidar com brigas sem deixar rastros, de saber ignorar bobeiras, mostrou um jeito feliz de existir e ser, o que perto do Max, mais inteligente e logo mais pensativo, acabou sendo um ponto a favor dela.
E a final vai ser assim, a escolha entre esses tipos de pessoas. Uma escolha absolutamente imprevisível, o que é surtante para escrever poucos minutos antes.
Havia aqui uma opinião minha, preferi suprimir, prefiro deixar um esboço: o que é mais importante para o Brasil: a reafirmação da bunda ou a superestimação da inteligência? O corpo ou o pensamento? O jeito de sorrir, de brincar e de viver ou a frieza, o calculismo e a instrospectividade? Uma força exterior que escapa sincera para todo canto ou uma certa interioridade que chega do lado de fora como graça, brincadeiras, mas nunca como verdade. Ela é a bunda de verdade, ele é o riso de mentira. Os dois são absolutamente verdadeiros. Quem ganha?
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