Nunca falei da toti aqui. A toti é meu gato, quer dizer, minha gata, não tenho foto dela no computador, só no celular, quanto puder venho aqui, edito e boto a foto dela, ou não, porque tirar foto com ela sempre foi um sacrifício. Arisca, não gosta que cheguem muito perto dela.
Sua história se confude com a minha ou eu prefiro que se confunda, para assim me sentir mais perto dela agora que estou longe.
Era outubro, o tempo ao mesmo tempo que esquentava, deixava chover. Um dia meu pai chega em casa contando que haviam soltado uns filhotes de gato no posto de gasolina em frente à minha escada e que um deles havia subido parte da escada e se instalado numa manilha desativada. Ele desceu logo com um pote de leite, e depois trouxe ração. Eu nunca fui desse tipo de cuidados, sempre fui mais afetivo, carinhoso, brincalhão que cuidadoso, por isso passava ali, tentava brincar com o gato e ia embora. Digo tentava, porque o gato, agora já sabem que é a toti, era muito arisco, e não deixa ninguém chegar perto. Quando botavam a comida dela, ficava lá dentro e só saía para comer quanto não estivesse ninguém rodeando.
Um dia, chegando da aula resolvi sentar no degrau do lado da manilha. Fiquei conversando com a toti, falando que estava cansado, que essa vida de estudante matava, mas claro, brincando, quando resolvi pegar um graveto, ou melhor era mais uma folha, um mato, e brincar com ela. De repente, ela sai lá de dentro e vem para o degrau brincar comigo, pensei na hora: "essa gata vai ser minha". Agarrei ela no colo com força e subi as escadas correndo. Entrei em casa e falei: "mãe...mãe...trouxe ela pra casa.", e assim que botei-a no chão ela correu pra debaixo da geladeira onde ficou toda a tarde. Ela era minha, escondida, mas minha.
Não lembro de como apareceu seu nome, mas tenho milhões de lembranças dela. Desde o dia em que ela foi castrada e passou dias longe de mim, acho que porque se sentia suja, ou invadida, o que me deixou triste, até o dia que voltei de cabo frio e ela subiu no meu colo, sentou e dormiu, acho que a única vez que ela fez isso.
Gosto quando vou coloca-la para dormir, fato raro, e ela desce sozinha o caminho que sabe de cor, indo direto pro banheiro, sentando na sua almofada, gosto quando ela senta do meu lado quando vou ver televisão ou filme no sofá de baixo, mas claro, sem deixar que eu faça muitos carinhos, gosto quando ela mia quando minha mãe começa a cortar carne e gosto quando ela caça pererecas, come as as patas e deixa o pobre bicho agonizante no quarto.
Esse post é mal escrito e incompleto por si só, pela situação. A toti está viva, em Petrópolis, com 13 anos e começando a ter dificuldades para pular janelas, correr. Tem preferido ficar dentro de casa. Ela ainda vive uns 3 anos ou mais, mas mesmo assim a idéia de não te-la em casa, faz da minha família uma coisa menos feliz, faz da minha casa um lugar mais vazio, faz o meu jardim mais silencioso. É que minha vida, de certa forma, se for contada vai ter uma parte que vai ser eu e a toti, a toti e eu.
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