A resenha de hoje
fica a cargo de “Os Miseráveis”, adaptação para o cinema do
musical da Broadway que por sua vez também é uma adaptação da
célebre obra homônina do francês Victor Hugo. Assumo que relutei em
escrever sobre o filme, fiquei com preguiça e quase me silenciei
frente ao que teria de enfrentar para tal. Porém, vamos
lá.
A obra gira em tonro
de Jean Valjean (Hugh Jackman) que é preso por ter roubado
um pão. Na tentativa de, depois de solto tentar retomar sua vida e tornar-se um homem de bem, é perseguido por Javert (Russell Crowe). A história conta
também as batalhas pela liberdade do povo francês pela opressão
daqueles que assumiram o poder na pós-Revolução francesa. Aparte
isso estão os dramas pessoais de Fantine (Anne Hathaway) e sua
filha Cosette (Amanda Seyfried ), entre outros.
Pode-se dizer que é
um musical no sentido mais clássico do termo, com a diferença de que,
nesse caso, o filme é 90% cantado e quase nada falado. As
personagens são rasas da maneira Broadway/Hollywood, as imagens,
planos, paisagens são lindas, as roupas maravilhosas e de resto muito
pouco se apresenta. Despontencializa-se qualquer tipo de tensão para
colocar em cena a redenção de um homem que deve fazer o bem e se
redimir de todas suas falhas. Acredita-se na humanidade forçando uma
epifania e uma catarse artificiais. O filme é cheio de mortes e despedidas, todas
felizes, todas mais começando ciclos que encerrando vidas.
Bom, pensar esse
filme na perspectiva do Oscar? Sem muitas pretensões para nada, pode
no máximo dar o prêmio de melhor ator para Jackman, que tem se
mostrado bom ator, o que fica praticamente impossível frente ao
também chato Lincoln de Day-Lewis, inventado para o prêmio. Fora
isso gostaria de destacar a falta de talento de Russel Crowe. Como
disse Veríssimo, inspiradíssimo, Crowe é o ator com dois
personagens: sem chapéu e com chapéu.
“Os Miseráveis”
serve aos velhos e aos hiper-encantados. Serve também aos fãs de
alegorias de escolas de samba.
Última digressão: "Lute", "sonhe", "espere", "ame" em um cartaz de divulgação é difícil de aguentar.