29 julho 2006

xerox


Se descarto a idéia minha, tão saudável
É que encaro o mundo só nessa visão
Se copio a coisa e faço duas coisas
A segunda sempre é repetição

23 julho 2006

linguagem

desculpa avisar, mas no fundo tudo no mundo é linguagem. E tentar definir é uma questão de nomenclatura e ponto de vista.

18 julho 2006

brain strom

Quanta coisa a gente perder por não estar pronto. Não estar na hora certa, não no sentido de tempo, mas no sentido de vida. Quanta coisa a gente perde por não estar a gente o suficiente pra perceber tudo que a gente pode ser e receber do mundo. A idéia desse post é escrever tudo o q vem a cabeça em exatos dois minutos, sei que a tarefa é difícil e que chega a assustar, mas vou tentar. Eu estava pensando que as cores das coisas são sempre bem menos coloridas do que a gente as vê, porque quando a gente olha, a gente põe o nosso sentido humano nelas, por exemplo, seria o mundo tão verde, se os seres humanos não estivessem aqui para olha-lo?? talvez sim, porque não existiríamos para destruir todo o verde, ou talvez não, porque o verde, de certo modo, só é verde porque está nos nossos olhos. Fim do tempo, fim do post.

04 julho 2006

desencaixe

Pedro tinha feito uma longa viagem até o paraíso. Assim que morreu, pegou uma imensa tempestade que o impedira de subir, além de Ter sido atrapalhado por alguns espíritos que vagueavam e pediam informações sobre o caminho do céu. O menino limitava-se a responder sempre a mesma coisa:

-Não sei dizer. Não sou daqui.

Chegando lá em cima, descobriu que o céu não era de nuvens, mas era todo azul-piscina, menos o portal de entrada que era rosa, o que lhe fez dar risadas. Foi recebido por São Pedro.

-Ué, São Pedro, você não tomava conta do tempo?

-Não, meu filho. Alias, sim, ainda cuido. Mas com o decrescente número de santos que vem aqui para cima estamos tendo que nos dividir.

- E eu vou poder entrar no céu?

São Pedro não respondeu, mas o portal logo se abriu, e Pedro pôde perceber que sim. Ficou feliz por ver que era um bom menino, ao contrário do que dizia sua mãe, mandando-lhe sempre comer. Lá dentro foi guiado por São Jorge que mostrou-lhe tudo, apesar de estar sempre preocupado, olhando o relógio e ajeitando sua espada. Finalmente foi deixado em seu aposento, que era um quarto simples, parecido com o seu, e o mais legal era: o céu não tinha cantos, mas tinha parede. Eram finas e serviam apenas para as pessoas se sentirem um pouco vivas, e agüentarem a eternidade. Numa oração perguntou se não veria Deus e no próximo sonho obteve a resposta: "você viu todos os dias de sua vida", desde então resolveu não mais rezar no céu.

Em pouco tempo, estava familiarizado com todos por ali, inclusive com Santo Antônio que tinha sempre uma criança ao colo e tinha cara de pedófilo, mas no fundo, era boa pessoa. Foi encarregado de ser anjinho e tocar harpas para receber os visitantes. Ah, as pessoas que iam para o inferno, visitavam mensalmente o céu, para ver o que perderem sendo maus. Pedro aprendeu no curso de anjo que reencarnação existe só para os que vão para o inferno, eles ficam lá um tempo, pagando os pecados, depois voltam para a terra. "Por isso tem tanta gente ruim por lá", pensou o menino.

Sua sala de aula era uma bagunça, porém a bagunça mais organizada, todos brincavam e conversavam, mas aprendiam. Tudo corria bem, até que entra na turma uma menina: pequena, magra, cabelos encaracolados e ruivos. Pedro não percebeu seus olhos brilhar, mas sentiu o coração palpitar. Tão bela e tão frágil era a menina, que todos a admiravam, Pedro muito mais. Amava-a já e em uma semana não se aguentou e foi falar-lhe: