30 novembro 2007

acho que

assim como falhar
é preciso amar mais
amar muito
amar melhor
pra quando falhar,
falhar melhor

28 novembro 2007

materno

tocar nas contradições, fragilizar as fragilidades, conter um anacronismo, estar dentro estando fora,cezzane, ibsen, virar do avesso, abalo muito forte, obrigado, ir com a pá procurar no solo o objeto, não é um broche, não adere em qualquer coisa, comparar chuchu com janela, tem ou não tem receita de bolo, ficção do eu - processo de conhecimento.

19 novembro 2007

ziul diz:
eu to querendo tirar minha graça
francisco... diz:
pra q?
ziul diz:
sei lá
cansei dela
francisco... diz:
mas e ai vc vai fazer oq?
arrumar outra?
ziul diz:
nem
ficar assim sem

16 novembro 2007

vaitchau?

As vezes vem assim na minha cabeça que se um dia eu resolver pedir ajuda para qualquer coisa, haverá muita gente para ajudar, mas ninguém para ouvir. Tenho aprendido muito sobre a escuta, e tenho concluído que até hoje ainda não tive um ouvinte, tive momentos, raros, que fui ouvido, mas pouco, bem pouco mesmo. Tenho percebido também que ninguém me lê, e os que lêem não percebem que muitas vezes estou e prefiro que essa frase fique pelo meio. Vou dormir, e um dia eu paro de escrever.

14 novembro 2007

buraco

Tinha um buraco. No dia anterior não tinha, no dia anterior estava inteiro, mas agora tinha um buraco. Não que estivesse furado, transbordando ou sobrando alguma coisa, nem que estivesse vazando e desperdiçando, simplesmente acordou assim com um orifício. Daí a saber que se tem um buraco é uma coisa, saber o que fazer com o buraco é outra, e o que se pode fazer com um buraco? E sobre isso jamais foi pensado e portanto nada jamais concluído, mas a certeza a partir daquele dia passou a existir: tinha-se um buraco, e nada mudaria a não ser uma pontinha que dizia que tudo aquilo começara no dia anterior.

11 novembro 2007

dissedele

Os sentimentos não têm tamanho, nem formas, mas esse de agora é diferente. Ele não cabe numa música nem numa poesia, entretanto continua sem forma. E em outra adversativa digo que apesar de sem forma ele pede uma prosa, mas uma que não muito vai longe. E dialogicamente vou dizendo e opondo e dizendo cheio de oposições que quero desfazer. Só quero dizer desse sentimento que não sei o que é e nem de onde é, e é? Não quero tentar explica-lo, nem falar sobre ele, só dele, assim, e nessa prosa frouxa, nessa prouxa, desse sentimento falei. Não me sinto mais leve, mas sinto que alguém um dia vai ler isso aqui e lembrar que hoje eu tive um sentimento e disse dele. E isso você faz?

05 novembro 2007

ar mulé

ziul diz:
cara...eu tava lendo um texto do jabor mt foda
ele falando q tá cansado dessas mulheres de bunda de fora, q agora a mídia controla a hora q vc tem q ter tesão
e q no carnaval tem tanta bunda de fora q não dá tempo de sentir tesão direito por nenhuma delas
Pedro diz:
daqui a pouco a gente vai sentir tesão em mulher de roupa
ziul diz:
é...
"caraca, aquela tá de calça larga, q tesao"
Pedro diz:
bom devia ser antigamente
tu tinha que usar a imaginação
hoje não
é tudo mais fácil..
ziul diz:
uhauhauhauhauha
é verdade
eu tava falando com a minha mae q assim, hj em dia ser "pelada" é um modo de vida
a mulher passa a vida inteira pelada
passa de ano pq ficou pelada pro nerd, fica pelada na praia pra arrumar homens, depois fica pelada pra arrumar emprego
e trabalha pelada
passa a vida assim
Pedro diz:
é verdade
depois mulher reclama dos direitos no trabalho
que mulher tem que ganhar a mesma coisa que o homem
pff
mulher ganha dinheiro mtu mais fácil
ziul diz:
uhahuauhauhauhuha
fato!
e assim, elas reclamam q sao assediadas...mas porra...elas passam a vida peladas
depois q ficam ricas querem parar??
nao tem como.
Pedro diz:
auhduahduahduahda
eu nunca queria ter nascido em outro planeta cara
o nosso é mtu manero

02 novembro 2007

senão transborda

Eu não sou um revolucionário. Muito menos um desbravador livre e moderno, um cara atual, antenado nas novidades do mundo e da sociedade. Pelo contrário, acho que apesar de toda minha atitude, até certo ponto anárquica, sou bastante conservador. Toda minha pulsão e revolução é retórica, na busca de um fio tênue de algo que imagino eu, deve ser conservado.
Em relação a mulheres então, sou uma múmia. No meu tempo, e não é que eu queira dizer que eu seja velho e as coisas mudaram, pelo contrário, quando digo no meu tempo, é na minha idéia de tempo, de passagem, de multiplicidade rítmica, enfim, no meu tempo mulheres eram ganhas com discursos, palavras e atitudes se não nobres, que forjavam nobreza. O Arnaldo Jabor disse numa das crônicas que para conseguir alguma coisa com elas chegou a apelar para Marx, Deus, e chegar a citar o ato como uma “luta contra o imperialismo”. Hoje, ou ontem, eu vejo muito que não. Não deixo de olhar os movimentos noturnos e as paqueras por status com um certo tédio, e percebo que os valores, até nos que tem valores, é que os que têm mais amigos são mais “aptos”, são alvos. E isso me dá preguiça, porque eu não mais sei interagir assim com muito esforço e pouca sinceridade. No fundo, até gosto da minha imagem, do tímido que pouco fala, mas quando fala sempre alguém ouve, aquele que perto de pouca gente, consegue se divertir com o mínimo e vê toda a atividade obrigatório com preguiça, essa é a palavra, tive de repetir.


A grande verdade, que na verdade é pequena, mas que eu sinto grande é essa enorme massa de solidão eu vivo. Acho que em alguns anos vou enlouquecer, já que hoje não consigo me fazer entender. Essa semana na faculdade ao estudar A gaivota do Tchecov, a professora dizia que apesar de ser levado como um cara dramático, ele estava longe disso, e que quando a personagem Macha começa a peça de preto e diz: “sou infeliz”, isso de nada lhe faz ser triste, ou pra baixo, pelo contrário, a infeliz é a q mais vive naquela peça, e é como se fosse “sou infeliz, fato, agora vou viver minha vida como puder”. É isso, e mais não se diz!