07 fevereiro 2011

pra ela

com um sorriso no rosto, meio de lado, ela reclama: "você nunca mais escreveu pra mim". Eu, meio sem graça, digo: "é que agora falo tudo pra você ao vivo". Ela sorri, mas não se dá por satisfeita, apesar de não tocar mais no assunto.
Então eu fico pensando no que ela merece ouvir agora, o que nesse segundo entre 21:41 e 21:42 eu tenho a dizer que a faça sorrir e mude sua vida.
Muito pouco, penso, e decido escrever sobre isso. Sobre como minha cabeça fica horas e horas, intensos segundos que se dilatam, pensando em agrada-la, em satisfazer um pedido simples dela. Apesar da certeza de que provavelmente nunca vou fazer nada que esteja no seu nível, o esforço de contar essa pequena fábula, como quem conta uma história para uma criança, tire um sorriso, um agrado, uma pequena felicidade. E que ela possa dormir em paz sabendo que, ao saber que ela queria que eu escrevesse, parei um tempo aqui e escrevi.

06 fevereiro 2011

metaforma

Nunca gostei de “A metamorfose ambulante”. Sempre achei uma desculpa pra ser um idiota. A verdade, no entanto, é que isso não é verdade. Gosto de não mudar, gosto de calmaria, mar manso e quiosque, não gosto de vento, areia e ressaca. Gosto do conforto de um lugar simples, mais que o luxo da riqueza. Estar à vontade e ser um bom vivant, como diz um amigo, é um privilégio para poucos e assim sendo ser uma metamorfose ambulante é ter grandes energias desperdiçadas. Me intriga até o fato de que um baiano tenha feito essa música.
Isso não quer dizer que eu tenha opiniões velhas, apenas que minhas novas opiniões ruminam e se debatem na minha cabeça por muito tempo antes de ganharem o mundo. Eu desdigo o que disse antes quase pedindo desculpas pelo esforço e pelo caos que entrego às pessoas. Talvez seja apenas uma necessidade de estar satisfeito ou então é uma maneira ainda gasta de pensar de que o bom está no equilíbrio e na estabilidade. Não sei se afirmaria isso assim, dessa forma. A verdade é que ser uma metaformose ambulante gastaria muito de mim, assim como quando vejo isso nos outros, automaticamente me afasto. É preguiça Tenho preguiça de ver alguém mudando e tenho preguiça de estar girando a roda do mundo, sei que tudo volta em algum momento e por isso o mundo está aí. Ele não tem regra, por que iria me debrungir na frente dele?