31 outubro 2008

o pós bom

Qualquer coisa é sempre tudo. Como se houvesse certo e errado, a gente passa a vida a escolher acertar e errar de vez em quando para dar uma certa emoção, daí a gente sente culpa e volta acertar até limpar a consciência e errar de novo. Claro que isso não é fórmula e acontece nunca nessa ordem. O que eu tava pensando é que tudo na vida é bom, tudo, nada que existe é ruim, por isso que há tanta gente fazendo tanta coisa, porque será meu deus, que o Michael Jacksson gosta de criança? Porque políticos roubam tanto? Porque existe tanto gay? Porque o flamengo sempre ganha? Porque a gente bebe cerveja? Porque o Hitler fez tanto sucesso? Vejo o absurdo que estou dizendo e num consigo deixar de pensar que para eles, ou para alguns tudo é bom, por isso que penso que não há desculpa para nada, e ou aceitamos esse caos e fazemos coisas que são no caso atrocidades, ou aprendemos que todos devemos nos entender em alguma coisa e contribuirmos com nossa cota de sacrifício. Isso que eu falei foi totalmente cristão e atualmente eu estou indo totalmente contra, mas a argumentação fez todo sentido, por isso esse texto está aqui.

30 outubro 2008

conselhos

eu estou meio bêbado mas isso não interessa em nada, mesmo porque odeio gente que escreve bêbada porque acha que isso é atitude, eu só acho mongolice, geralmente quando estou assim prefiro aproveitar as horas para ficar feliz, justamente porque se eu parar de beber fato que vai passar e virá a ressaca que sempre vem. Andei pensando e percebi que não quero mais escrever coisas tão pessoais, porque corre os risco de que as pessoas me leiam como mais um fã inveterado da clarice que escreve sobre a efemeridade da vida e contempla tudo com tamanha sabedoria e sofrimento, naquela super viagem interna que leva até Deus. Ou então, pior, que me leiam como uma versão barata da Clarice, tipo Lia Luft que dá conselhos amorosos e fala sobre mulher, salário, desemprego e gravidez na adolescência, mas com o olhar de uma doce senhora mãe de família que escreve bem e segue modelos muito simples da sociedade. Ou pior, que me leiam como a Martha Medeiros, que é independente, pra frente, progressista, que fala que a mulher deve ser mulher e ter sentimento como mulher e que se deve aproveitar a vida a cada segundo, como se fosse o último e ser original e essas coisas. Por fim, concluí que não quero dar conselhos at all, porque acho que eu num tenho nada a ver com a vida das pessoas e, na verdade, se eu escrevo é só para mim, porque me deu alguma vontade que vem de dentro, talvez do rim, mas veio forte daí eu sentei aqui e escrevi. Mas ainda bem que há quem goste de ler...

ps: E sério, meu sonho é fazer um post com os marcadores que o blogger me aconselha: patinetes, férias e outono. Um dia ainda faço.

a briga é boa

É muito provável que eu já não saiba muito bem por onde andam as coisas mais importantes sobre mim ou talvez, muito pelo contrário, que a não consciência das coisas que faço são justamente a prova da sinceridade delas, de qualquer forma, é sempre esquisito perceber que o que eu sempre tive como modo de vida em relação a algumas coisas está se alastrando para outras. Por exemplo, sempre fui romântico, mas ao contrário de continuar romântico e ser mais romântico virei exatamente o romântico-preguiçoso, outra característica minha, e me tornei assim, porque percebi que o romantismo é um modo de ver a vida, não um ato que você faz para alguém. Evitar de sofrer, se tornar quieto, muito pouco ou quase nada, se tornou a maneira que eu encontrei para ser quem eu sempre fui, por isso não sou nada romântico e quero que os filmes de amor com canções felizes se explodam, tudo coisinha menor, ao mesmo tempo não deixo de gostar dos antigos que ainda me fazem gostar. A briga é boa e sempre será.

28 outubro 2008

o jovem e a nova esquerda

Tenho me interessado pela esquerda moderna. Caraca, Luiz Antonio vai falar de política. É, quando adolescente pelo meu pai me tornei direitista, em certo momento até cheguei a me interessar pelo collor, nada demais, eu tinha 7, 8 anos, mas quando ele saiu eu achei ótimo, adorei ver jovens na rua achando que eram heróis e na minha cabeça eles estavam fazendo história. Depois, com o passar do tempo, peguei ódio do MST e dos índios, até que virei esquerdista, e não mudei muito de idéia quanto a isso.
Entretanto, o que digo sobre o interesse da esquerda, é que ela deixou de ser a direita às avessas, tipo o marxismo, que é absolutamente idealista, tem uma crença em alguma coisa e só procura na prática as provas praquilo que dizem, porque a direita é assim, acha uma coisa e sai a procura de provas que lhe afirmem. Tenho gostado da esquerda porque ela soube escapar disso e ser dialética, sabe ir pra lá e pra cá e chegar a uma conclusão, que nunca é idealizada, pelo contrário, ela leva sempre em conta os mecanismos da economia e dos sistemas e assim tem conseguido, talvez pela primeira vez, agir com eficácia. Claro que há os evidentes exageros, tipo nos casos de caixa 2 do Zé Dirceu, que na cabeça dele estava tirando de ricos para fazer campanhas e ajudar os os pobres, o que evidente é semi-verdade já que ele não é lá nenhum Hobin Hood, talvez um pouco pois fez o sistema ir contra ele, mas não pegou bem anyway.
Por isso que eu acho esse movimento pró-democracia, que sejamos claros é anti-paes, mas não é totalmente pró-gabeira, justamente porque está sabendo ser dialético, e sabendo que não se esoclhe uma outra idéia porque a que se tem é ruim. É evidente que todos ali queriam o gabeira para prefeito, sem dúvida, mas a idéia de ir pra rua é outra, é por ir pra rua, porque foi percebido que é preciso ir pra rua, estava na hora já e agora se tem um motivo, os mini golpes baixos que sempre são aplicados na população. E o melhor, está tudo sendo feito pela internet como manda a cartilha no mundo atual, por isso concluo que os jovens podem estar sempre na deles, sendo ignorantes, mas geralmente tem boa intuição e sem saber o que fazem, e assim como eu achei quando pequeno, acabam fazendo história.

27 outubro 2008

meus personagens

Um dos grandes desafios meus ao escrever é conseguir fazer personagens. Conheço todas as ações e sensações deles, mas acho hipócrita da-los nomes, personalidades, graça, jeitos, fisicalidades ou qualquer outra coisa, porque como pessoa não consigo fazer isso nem comigo mesmo. Muitas vezes me acho alto, como quando converso com uma criança, e sabendo como é ser baixo, me abaixo para conversar com ela, porque não quero passar autoridade, tanto que é comum crianças falarem para as mães que eu sou criança também. Quando bebo me acho um super herói, me acho capaz, fico inteligente, pensamento rápido, perco até uma das coisas que mais me incomoda que é minha fotofobia. Quando estou com meus pais viro exatamente a própria criança de que falei aqui em cima, por isso às vezes sou tão duro com eles, para negar o que é latente em mim. Por essas e outras que é impossível ao escrever criar alguém, porque não existe criação e porque não existem pessoas. Porque além de mim existe todo mundo e existe ninguém (que por acaso são os nomes de dois personagens de Gil Vicente).

26 outubro 2008

felicidade conjugal

Acabei de ler na revista do globo de domingo a coluna da Martha Medeiros, aliás ler é um exagero, pois nem cheguei a ler tudo porque tive preguiça de entender o que ela queria dizer, preferi absorver o tema e tirar minhas conclusões. Ela, em resumo, fala sobre maneiras de felicidade conjugal e de cara eu pensei: "que coisa mais batida e fresca". A verdade é que todos temos certeza de que não existe felicidade conjugal, poucos meses depois de estar com uma pessoa você já está de saco cheio dos defeitos dela, não aguenta mais fazer concessões e principalmente, morre de saudade das horas em que ficava sozinho sem tomar banho em casa vendo o pior programa de televisão que podia encontrar. Só que aí já é tarde, porque primeiro você morre de medo de ter que passar pelas merdas da vida sozinho e quer que alguém sofra do teu lado e segundo porque você se acostuma com os defeitos dela e mudar seria ter que encontrar outros defeitos para se acostumar. No fundo, felicidade conjugal é um termo ridículo e vazio que não significa absolutamente nada que a gente só percebe e consegue viver um pouco dele quando a gente perdeu a pessoa, ou quando a gente fica velho demais, então ao olhar para a pessoa do lado percebe a força que ela teve pra aguentar o peso da vida dela e da sua, daí você percebe o peso que aguentou por ela, e rola um sofrer mútuo que vai até os dois morrerem, se possíveis juntos.

22 outubro 2008

concordando com Pedro Cardoso

A polêmica que causou Pedro Cardoso com o texto dele no festival de cinema é o tema de hoje. Para quem não leu o texto, entre aqui: http://todomundotemproblemassexuais.zip.net/

Sim, ele tem razão. Pelo que eu vejo e estudo da arte, existe uma tendência dos atores terem uma fisicalidade não informada, um culto pelo corpo, pela liberdade, pelo ultra-poder dele e principalmente, pelo aperfeiçoamente dessa performance, não com a qualidade do apresentado, mas com a conexão desse corpo com uma idéia metafísica. Entretanto, já faz tempo que me questiono sobre isso e Pedro Cardoso trouxe à tona um ponto bastante importante para discussão que é o fato de que sim, há esse culto à liberdade do corpo, que é algo interessente, necessário e até mágico na arte, mas por outro lado, esse mesmo veículo criado para ser um elemento livre se torna um ponto de exploração por produtores, diretores e afins. Praticamente em tudo que vejo alguém fica pelado, paga peitinho, ou semi-bundinha, com uma luz assim, e pior, quanto não tem nada disso, geralmente a peça ou filme cai numa de que foi careta, dita pelos outros e muitas vezes incorpora esses fatos, de tão comum que já virou uma nudez.
Nesse sentido, tanto eu ao escrever isso, mas principalmente o pobre Pedro Cardoso vai ser bombardeado, vão dizer que ele possibilita uma futura censura, que ele é conservador, que ele tem idéias retrogradas, burguesas, etc, mas não, não podemos deixar que se creia nisso, pois os mesmo que dirão essas palavras são os que vivem da exploração e/ou utilização do corpo como um elemento artístico. E a mulher coitada, acaba quase sempre sofrendo muito, porque ela passa a chegar antes de conseguir ser alguma coisa, o corpo chega antes, fala antes e explica antes e ela, despida na arte, passa a ser uma despida na vida, não no sentido careta, mas no sentido de que perde o pudor e se já tantas vezes usou o corpo para a arte, porque não em algum momento usar para ganhar dinheiro num comercial de cerveja ou numa revista masculina. Esse é apenas um dos desdobramentos possíveis, mas fiquem com isso por enquanto, pretendo escrever mais sobre isso...

21 outubro 2008

O caso de santo andré


Uma coisa que me enche um pouco o saco e me deixa com preguiça de brasileiro é esse sentimentalismo chato, burro e sem cultura. As discussões sobre o caso do sequestro da menina Eloá são sempre cheias de mel, açúcar e danoninho, agora também em versão líquida. Não que não devamos nos sentibilizar, pelo contrário, devemos discutir e reavaliar algumas coisas justamente porque presenciamos algo que ainda é capaz de mexer com nossa tresloucada mente quase insana, entretanto para mim não é essa a grande questão.
Talvez seja e isso foi minha mãe que me atentou ainda no segundo dia do sequestro ao dizer: "onde está a mãe da menina? e do menino? e os parentes? ainda não falou ninguém." E era verdade, até o desfecho eles estiveram praticamente sumidos, falavam pouco e não me recordo da cara deles, enfim esse exemplo para variar não cabe no que quero dizer, mas a idéia sim. Percebi nesse rapaz um certo desamparo, uma carência, uma falta de alguma coisa muito importante, uma espécie de pertencimento, e talvez por isso que ele tenha atrasado tanto o fim do caso. Foi seu spotlight na vida, talvez agora ele possa morrer em paz. Senti tanto ele quanto ela desabrigados, ela ninfeta e gostosinha com 15 anos, com capacidade de enlouquecer um rapaz tão mais velho e ele que talvez por falta de ênfases no emprego, com os pais, com os amigos e nas bebidas, tenha depositado tudo no amor daquela menina, amor que aos 15 anos geralmente dura pouco.
Então, um crime paixonal é assim, mas pera lá, não sempre assim. Geralmente nesses crimes é comum que se mate a moça e depois se mate e que vire herói, quando o amor faz tudo valer a pena, tal qual Werther muitos anos antes, mas não, ele mata ela, não mata a amiga e não se mata, não faz nada contra si, pois nesse caso era a vez dele, a vítima na sua própria visão, se redimir. E a polícia que invade de forma inconsequente o apartamento acaba deixando ele matar a menina, mas chega a tempo dele pensar em se matar, impedindo-o talvez até disso.
O que me preocupa não é esse caso isolado, são todos os que já vivem isolados, porque se todos resolverem virar lindembergs, o mundo pode não ser mais...

19 outubro 2008

a verdade de porque ser assim

porque é mais fácil e ninguém enche o saco, porque dá para viver em paz sem que alguém esteja o tempo todo tentando sabotar sua felicidade, porque a gente sabe que não dá para ser feliz sempre, então tira até os momentos felizes, porque ser solitário é ótimo para acusar erros dos outros sem nem ao menos ter nada que acuse a gente de estar errado, porque ficar em casa é sempre melhor, mais quente, com mais comida e descanso do que estar na rua, porque a gente pode falar todas as coisas do mundo e as pessoas só vão entender o que elas querem e só vão absorver da gente o que preferirem, porque dor de estômago é algo que deve ser bastante evitado, porque não há ninguém capaz de estar comigo do jeito que eu estou e principalmente, porque o tempo é incapaz de fazer qualquer outra coisa além do que ele faz, logo para mim pouca diferença faz o que eu faço e o que eu não faço. E que exploda o resto e o que não foi feito para ter fim.

17 outubro 2008

mal que tem

eu arroto porque meu esôfago é fudido
meu estômago sempre dói, mas às vezes só arde
dor é uma coisa bizarra, quando dói fode a gente
e a gente acha que ela serve de remissão dos pecados
quando não dói a gente acha que está indo bem
e exagera até morrer do mal que tem.

16 outubro 2008

ironia 2

- você se defende nas ironias?

- quais ironias? tudo que eu falo é muito sério...

- sei...

- pois saiba.

ironia

voltei a ler "o ano da morte de ricardo reis" do saramago e meu marcador de livro é do harry potter. Então, sempre que leio saramago, leio um pouco do harry potter, porque embora nunca tenha lido o jovem bruxo, sempre que ele me introduz o português, me sinto parte dos dois, dessa mistura estranha, que eu ainda num entendi.

12 outubro 2008

achei

Seus olhos, seus braços

Quase intercalados

Entre o que eu via

E o que queria ter

10 outubro 2008

sai do orkut e vem pra cá

sempre falei que responder ou tentar responder essa pergunta é muito importante, mas até agora não consegui perceber a importância da resposta, como se a verdade estivesse sempre na capacidade que eu tenho de imaginar tudo de mim e com isso ser sempre mais do que sou e posso ser.

08 outubro 2008

ao me ler

é estranho o modo como me lêem, e isso que digo é literal, antes que alguém me leia errado. Quando me lêem, me acham triste, complicado e sem saída, sem fim naquilo que sinto e não paro de sentir. Lêem isso e me repetem isso, e me apontam isso, quando na verdade, não acho que eu escreva nada disso, pelo contrário, me divirto muito ao escrever meus textos e ao montar esses esquemas sem solução. Sinto muito pouco do que escrevo, o que não quer dizer que sou insensível, só não sou um escritor romântico, acho que o romantismo é uma prática, não um modo de linguagem. Se fosse tentar entender exatamente o que tem nos meus textos que é dele e que é meu, com certeza é alguma desproteção, como se houvesse uma lacuna entre o que eu dissesse, o que eu pudesse dizer, o que fosse lido e principalmente, uma lacuna por saber que ao escrever nada vai mudar. É nesse sentido que meu texto é sério, fora isso é só estética, é graça, se um dia eu lê-los em voz alta vocês vão ver, não há tristeza alguma, apesar de que sim, ao escrever coisas do tipo: "ninguém me encontrou, nem procurou
ninguém olhou pra mim mais de uma vez"
eu sei que estou dando bandeira para alguma coisa não tão boa, mas talvez seja charme...

04 outubro 2008

com o que sou

ser o que eu sei de mim é tão difícil e cansativo que passo a maior parte do meu tempo não tendo nada a ver comigo mesmo...

01 outubro 2008

foi

exista uma coisa que é a mais importante e essa coisa é o que a gente quer mais. Quantas vezes sonhei em perder quase tudo mil vezes, até que quando perdesse não fosse mais novidade. Acontece que a dor, por mais preparado que a gente esteja é sempre física, sempre mais humana e ral que o sonho, aquele sonhado mil vezes. Acontece, também, que mesmo sabendo de tudo isso, ainda assim meio que de leve me vem uma lágrima, ou antes disso, uma falta de sorriso e excesso de nada, porque acabou de ir embora um pedaço de mim.