05 dezembro 2006

O meu show de Truman




Não quero demorar a escrever. Quero deixar o meu pensamento livre para ser poético e me abster da racionalidade que tanto vem me tomando nos últimos tempos. Acabei de ver “O show de Truman”, estrelado por Jim Carey. Sim, eu ainda não tinha assistido ao filme, e quando resolvo assistir saio assim: outro.


A força que me impulsiona agora é a de ser meu personagem principal. Será que eu sou? A vida vai te levando de ação em ação, de cena em cena e de capítulo em capítulo, tanto que se você resolver transformar tudo em filme, você perde a vida, se você transformar tudo em vida, perde a poesia, e como viver? Acredito no nosso impulso criador de todos os dias, acredita nessa divindade interna, como se assim como Truman, tivéssemos um diretor/deus, só que dentro de nós, e que não escutamos muito ele, queremos contraria-lo. O diretor sabe da cena, nós não, daí num certo capítulo 10.909 resolvemos por um simples traço de motivo que nossa vida não é a nossa vida, daí pegamos o guidom e achamos que já sabe tudo do mundo e vai navegar por aí. O mundo nos empurra de volta e fazemos força e vamos e vamos, até que chegamos na verdade.


Nós não somos felizes. Truman era, mas não seu pai, não sua mãe, não sua esposa, muito menos Sylvia, seu amor desaparecido. Todos temos um amor fracassado, porquê raios chorar pelo de Truman? Ele era feliz nesse admirável mundo novo, as câmeras sabiam muito bem dirigir a cena, porém ele resolve atravessar o muro. Dá-nos um bom dia, boa tarde e boa noite, vira-nos as costas e atravessa a porta de saída. Boa sorte, Truman. Alguns segundos depois, mudamos de canal.


Luiz Antonio Ribeiro
06/12/06

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