se um dia quiser me conhecer
e de verdade o quiser
venha até minha cidade
e passe uma tarde ou um mês
pelas esculturas frias
pelos jardins molhados e construções antigas
ou passeie pelo caos do centro
e veja a calma dos livros nas estantes das poucas livrarias.
se um dia quiser me conhecer
e de verdade o quiser
venha até minha rua
e veja como ela é feia, seca e suja
e como cai aos pedaços a fábrica
que alguns anos atrás, não muitos,
enchia de orgulho e tecido
qualquer um que morava por ali.
se um dia quiser me conhecer
e de verdade o quiser
venha até minha casa
veja o jardim que meu pai decora
a piscina quase nunca limpa
a varanda gelada e aconchegante
e a vista imensa das montanhas.
se um dia quiser me conhecer
e de verdade o quiser
entre no meu quarto
sente na minha cama
liste os meus livros
tateie meu violão
leia meus papéis
ouça minhas músicas
se um dia quiser me conhecer
e de verdade o quiser
depois disso tudo vá embora
passe uma tarde ou um mês sem mim
esqueça de tudo que viu
das esculturas, das fábricas
da piscina, jardim e violão.
se um dia quiser me conhecer
venha e vá.
se voltar, voltou.
se for, foi.
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